Rédea curta
2016
guitarra, sintetizadores, eletrônica em tempo real e vídeo
 
 

Release do Projeto proposto: Vídeo em 2 canais com imagens apropriadas de debates eleitorais. Foi feito a partir de um levantamento audiovisual no qual se verificou a abrangência e a larga utilização do gesto que se repete no vídeo – o da mão cerrada parecendo segurar uma vara ou uma rédea de cavalo. Durante a pesquisa, notou-se que este movimento das mãos costuma acompanhar um discurso pretensamente firme, austero e, frequentemente, associado à pauta da segurança pública. A trilha, executada ao vivo, foi pensada a partir de sessões de improviso livre de guitarra, sintetizadores e manipulação eletrônica em tempo real. Daí extraímos os timbres e o discurso musical que busca dialogar com as questões trabalhadas no vídeo, explorando o gestual que se aplica na prática de cada instrumento e também através de sons extremamente processados para a construção de um discurso ruidoso e obscurantista.

Princípios da relação entre as linguagens sonora e visual: O vídeo foi pensado como uma espécie de partitura visual para a orientação de um improviso. Embora em alguns momentos a relação seja mais direta, mimetizando a questão gestual, o vídeo também possui um discurso auditivo que dialoga com os instrumentistas. A escolha timbrística, que opta por sons extremamente processados se relaciona com a natureza programada e artificial dos debates políticos, que por outro lado contrasta com a ideia de improvisação livre. Dessa contraditoriedade pode-se extrair um olhar sobre o discurso político profissional, absolutamente hermético e pretensamente orgânico, que procura estabelecer uma relação de rédea curta com o seu eleitor.

Projeto premiado no festival Música Estranha 2016.

Guitarra – Leon Steidle
Sintetizadores e manipulação em tempo real – Luis Misailidis